Turma de Licenciatura Plena em Geografia EAD 2013- Uniube

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Geografia Uniube EAD 2013

terça-feira, 24 de julho de 2012

A importância da família na aprendizagem do aluno

Trabalho elaborado em 2004 -- Leonildo Correa
Resumo
A família é o primeiro grupo natural do homem e a principal responsável pelo seu desenvolvimento. Tudo o que ocorre no meio familiar se propaga pela vida do indivíduo. Isso também é válido para a aprendizagem e nas questões educacionais, podendo tanto contribuir para uma evolução acelerada ou inibir completamente o desenvolvimento. Basta lembrar que os desvios comportamentais e os distúrbios de aprendizagem têm origem no ambiente familiar. Por isso é primordial compreender a família e sua interação com a comunidade escolar. Esta é a finalidade deste trabalho que procura esclarecer a natureza, a interação e os reflexos da família na escola e no aprendizado do educando. A pesquisa divide-se em 3 partes: 1) a família e o desenvolvimento infantil, 2) a família e a escola e 3) os resultados da pesquisa de campo sobre o tema. Enfim, a família é imprescindível não só para a construção de um indivíduo saudável, capaz e emocionalmente equilibrado, quanto para a evolução de sua inteligência e capacidade de aprender.
1. INTRODUÇÃO
A família é o primeiro grupo natural do homem e a principal responsável pelo seu desenvolvimento. Tudo o que ocorre no meio familiar se propaga pela vida do indivíduo. Isso se aplica a todos os aspectos da constituição humana – físicos, emocionais e cognitivos. Por isso, esta instituição é chamada de cerne e célula mater da sociedade.
No âmbito educacional a importância da família é multiplicada. Interfere em todos os aspectos da vida escolar do educando, seu comportamento, permanência na escola e capacidade de aprender, podendo tanto contribuir para uma evolução acelerada ou inibir completamente o desenvolvimento cognitivo do aluno. Basta lembrar que os desvios comportamentais e os distúrbios de aprendizagem têm origem no ambiente familiar.
Por isso é primordial compreender a família e suas repercussões e interação com a comunidade escolar. Compreender para interferir e solucionar as causas dos problemas e não apenas seus sintomas que são os desvios de comportamentos e os distúrbios de aprendizagem.
Logo, a finalidade desta pesquisa é esclarecer a natureza, a interação e os reflexos da família no desenvolvimento infantil e no âmbito escolar, principalmente no que se refere a aprendizagem do educando.
Para facilitar a abordagem da temática a pesquisa foi dividida em três partes. A primeira analisa os principais pontos que envolvem a família e a sua importância para o desenvolvimento infantil, para a formação da personalidade, para o ajustamento emocional e para o desenvolvimento cognitivo.
A segunda parte analisa as principais características do relacionamento entre a família e a escola, os conceitos de aprendizagem e seus distúrbios, assim como a interferência do ambiente familiar na origem ou na solução desses problemas.
A terceira e última parte apresenta os resultados da pesquisa de campo que foi realizada sobre o tema, assim como a interpretação teórica, de acordo com a pesquisa bibliográfica, desses resultados.
Enfim, a família é imprescindível não só para a construção de um indivíduo saudável, capaz e emocionalmente equilibrado, quanto para a evolução de sua inteligência e de sua capacidade de aprender.
2. A FAMÍLIA E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Na Índia, onde os casos de meninos-lobos foram numerosos, descobriram-se, em 1920, duas crianças, Amala e Kamala, vivendo com uma família de lobos. A primeira tinha um ano e meio e morreu um ano depois de ser descoberta. Kamala, de oito anos de idade, viveu até 1929. Porém, estas crianças não tinham nada de humano. Caminhavam de quatro, apoiando-se sobre os joelhos e cotovelos, sem contar que uivavam como os lobos. Eram incapazes de permanecer em pé. Só se alimentavam de carne crua ou podre.
Kamala viveu oito anos na instituição que a acolheu, humanizando-se lentamente. Ela necessitou de seis anos para aprender a andar e pouco antes de morrer tinha um vocabulário de apenas 50 palavras. Atitudes afetivas foram aparecendo aos poucos. Ela chorou pela primeira vez por ocasião da morte de Amala e se apegou lentamente às pessoas que cuidaram dela e às outras com as quais conviveu. (ARANHA E MARTINS, 1986, p. 2).
O relato acima mostra a importância da família e da educação escolar no desenvolvimento humano e na construção da personalidade do indivíduo, ou seja, mostra em que medida as características humanas dependem do convívio familiar e social. As duas crianças citadas não foram moldadas por um grupo familiar, sem contar que foram privadas do contato com outras pessoas. Por isso não conseguiram se humanizar: não aprenderam a se comunicar através da fala, não aprenderam a usar utensílios e instrumentos sociais, assim como não desenvolveram processos de pensamento lógico.
Por isso se afirma que a célula mater da humanidade e da sociedade, inicialmente, é a família e, posteriormente, a escola, uma vez que estas instituições garantem o ensino, o entrosamento e a interação social do indivíduo, protegendo-o enquanto forma a sua personalidade e preparando a sua emancipação, sem contar que garantem a unidade e a coesão dos grupos humanos.
Em outras palavras, o ser humano é um animal social dependente de suas relações e do grupo em que vive. Por isso se diz que o homem nasce potencialmente humano e é na relação com o outro que vai se humanizando, ou, na máxima de Platão: “são necessários 50 anos para se fazer um homem”.
Este processo contínuo de humanização é denominado Educação. (DAVIS e OLIVEIRA, 1990. p.16-17). Contudo, a contribuição familiar não é dada apenas na fase que antecede o envio da criança para a escola, mas também em sua manutenção na instituição educacional, assim como o bom aproveitamento dos estudos tem íntima ligação com a estabilidade dos pais.
Neste sentido, são pertinentes as considerações de Olivier Reboul (1971, p. 4-10) sobre o papel da família na educação. Principalmente nos pontos que confronta a educação familiar com a educação escolar:
Enquanto instância protectora, a sociedade fechada que a família é desempenha um papel essencialmente conservador. Ela desconfia, como se da peste se tratasse, de toda a inovação social, de todo o não-conformismo, de toda a revolta, enfim, de todo o pensamento. Enquanto educadora, a família é por essência uma sociedade hierárquica que repudia a igualdade. Ter razão face a um irmão mais velho, ou pior ainda, face a um pai ou a uma mãe, é injuriá-los. Piaget demonstrou que a criança só aprende na família uma moral de constrangimento e de submissão a uma regra que é tanto mais sagrada quanto menos é compreendida. Protegendo e educando, a família arrisca-se sempre a fazer da criança um eterno menor. (REBOUL, 1971, p. 4-10)
Portanto, há uma íntima ligação entre o desenvolvimento humano e a educação, assim como há uma sensível relação de interdependência entre o meio familiar e a escola. Logo, quaisquer deformações que ocorram na família, certamente, refletirão no comportamento do educando na escola, ocasionando defeitos na formação acadêmica e na personalidade do educando. Em outras palavras, família e a escola são pontos de apoio e sustentação do homem, são marcos de referência existencial e de humanização. Quanto melhor for a parceria entre ambas, mais positivos e significativos serão os impactos na personalidade do sujeito, pois a vida familiar e a vida escolar são simultâneas e complementares.
O modelo atual de interação entre a família e a escola surgiu com o advento da Modernidade. Isso não quer dizer que antes não existia essa relação, existia, porém acontecia de modo diferente e com outros parâmetros.
Comparando o modelo antigo com o atual percebe-se que este último sofreu uma retração considerável. Em termos de volume, foi restringida ao casal e aos filhos menores. Foi também restringida nas suas funções: ela não é hoje senão uma comunidade de habitação e de consumo. Também a autoridade dos pais diminuiu, em especial a do pai sobre os descendentes. Esta autoridade foi limitada, não apenas pelo Estado, mas também pelos costumes e pelas crenças. Os pais já não podem decidir sobre o casamento ou a profissão dos filhos. Tem-se mesmo a impressão de que os pais já não podem decidir sobre nada. Ainda assim, a família mantém as duas funções principais relativamente aos jovens: protegê-los (alimentá-los, vesti-los, cuidar deles, etc.) e educá-los. (REBOUL, 1971, p. 4-10).
Contudo, a educação familiar é distinta da escolar. Na família “educar significa atingir o indivíduo em profundidade, na camada ante-intelectual do seu ser, dos seus hábitos, emoções e afeições primárias. É a esta camada que se dirige a educação em sentido próprio, antes de toda a instrução.” (REBOUL, 1971, p. 4-10). Portanto, a educação familiar consiste em formar, por intermédio de bons hábitos, os sentimentos mais primitivos, “o prazer, a afeição, a dor, o ódio”. Já a escola tem por finalidade educar para os saberes diversos e especializados, por meio da apresentação e sistematização de conhecimento acumulado pela humanidade ao longo de sua história, diferente, portanto, da educação realizada pela família.
Tradicionalmente a escola olhou a família com certa desconfiança e, quando não teve alternativa, apenas suportou a participação dos pais na condição de ouvintes comportados dos relatos, por ela produzidos, acerca da trajetória disciplinar e pedagógica dos alunos. Raramente essa participação superou os limites de ação beneficente e interferiu na parte organizacional do projeto curricular.
Para a escola, a família foi e é, o lugar de construção de moralidade, base indispensável para a garantia do projeto moralizador e civilizacional representado pela escola. De seu lado, a família fez da escola, sobretudo na etapa que antecedeu a massificação do processo institucional, uma instituição a serviço da monopolização do capital cultural nas mãos de uma elite econômica reproduzindo, no plano educativo, as desigualdades do campo social. Assistimos hoje, porém, a uma reviravolta neste cenário decorrente da crise dos modelos forjados pela modernidade. (REBOUL, 1971, p. 4-10).
O modelo de família nuclear, predominante até meados da década de 50, esfacelou-se, dando lugar a novas formas de representação e organização parental com reflexos diretos no que concerne as relações entre pais e filhos. Cresceu, vertiginosamente, o número de separações entre casais, o que tem provocado a perda de referências ético-morais para uma parte significativa de jovens e crianças.
Além disso:
(...) a crescente presença da mulher no mercado de trabalho e sua maior independência da representação de mulher voltada à vida doméstica e à educação da prole, resultou em certo abandono para com os desenvolvimentos afetivos, sociais e educacionais das novas gerações. Para completar este cenário, as mudanças tecnológicas que prometiam uma maior disponibilidade de tempo para que os indivíduos se dedicassem a si mesmos e aos outros, revelaram-se falsas. O trabalho e a velocidade cotidiana só fizeram afastar as pessoas do convívio comunitário, isolando-as, cada vez mais e, conseqüentemente, descompromissando-as das responsabilidades públicas, dentre as quais, destaca-se a formação da juventude. (CASTRO, 2002, p. 15).
Sobrou, portanto, para a escola a responsabilidade de pôr ordem neste caos. E como não lhe é possível reorganizar o quadro familiar, resta-lhe abrir mais portas para tentar uma parceria educativa com os pais, de modo que possa instituir uma nova estabilidade, que traga de volta, à escola, a legitimidade que a crise da modernidade lhe retirou.
2.1 A Família e a formação da personalidade
Mais do que responsáveis pela qualidade de vida, os pais são construtores do aparelho psíquico dos seus filhos, uma vez que os infantes nascem numa condição de total incompletude, ou seja, o ser humano depende totalmente dos adultos que estão a sua volta, especialmente de seus pais ou daqueles que exercem tais funções, para construírem sua personalidade e visão de mundo.
As experiências infantis, especialmente em relação aos adultos, são essenciais na construção do ser humano, uma vez que formam as principais características da pessoa. Isso ocorre a partir do final da infância, quando a criança já pode ter seu próprio sistema de normas e valores, ou seja, uma moral autônoma. Essas regras e valores se estabelecem com base nas experiências infantis, entre as quais sobressaem o clima psicológico que os pais propiciaram à criança e, geralmente, as atitudes básicas em relação a outras pessoas e em relação à vida, assimiladas na infância, continuam por toda a vida. (PILETTI, 1989, p. 276)
Portanto, através das influências familiares, a criança vai moldando seu comportamento e a contribuição paterna acontece, na maioria das vezes, de modo inconsciente. Porém, é válido assinalar que aquilo que é ensinado inconscientemente tende a permanecer por mais tempo.
Enfim, é de fundamental importância para o desenvolvimento posterior da criança e para sua aprendizagem escolar, os sentimentos que os pais nutrem por ela durante os anos anteriores à escola. Tais sentimentos contribuem para o desenvolvimento do conceito de si próprio (o autoconceito), o conceito do mundo e de seu lugar no mundo. E é o autoconceito a base de toda aprendizagem, pois se a criança julga-se capaz de aprender, aprenderá muito mais do que se ela nutrir um sentimento de incapacidade. (PILETTI, 1989, p. 273-287).
É importante assinalar que quando a pessoa passa por novas experiências e enfrenta novos valores, aceita-os ou rejeita-os, em função de sua compatibilidade ou incompatibilidade com a avaliação que faz de si mesma. Mouly (1970, p. 104-253) considera que a formação do autoconceito é um processo lento, que se desenvolve a partir da reação dos pais e de outras pessoas ao comportamento inicial da criança. Dessa forma, está intimamente ligado à necessidade de aprovação e aceitação, assim como à de auto-estima. A criança pode conceber-se como mau, se a mãe ao ensinar, irrita-se com ele, se o castiga por seus erros, se o rejeita, se acentua os seus aspectos maus.
Apesar de existirem poucos estudos sistemáticos sobre a influência de colegas, vizinhos, escola, igreja e meios de comunicação em massa (jornais, cinema, TV, etc) no desenvolvimento da personalidade da criança, observa-se que o meio externo influencia o surgimento ou estabelece, nas crianças, novos comportamentos e idéia, modificando ou trocando aqueles adquiridos na família, o mesmo ocorre com os hábitos aprendidos na rua.
Quando as expectativas familiares e as do grupo de fora da família se chocam, a criança entra em conflito. Se sua identificação com os pais for sólida, dificilmente adotará valores contrários aos deles; porém, se for tênue sua identificação com os pais ou se a pressão do grupo de fora for grande, é possível que adote os valores externos. Isso ocorre, por exemplo, na questão das drogas. Um criança com estabilidade familiar, tem estabilidade emocional e se afastará das más influências, enquanto aqueles que possuem pais instáveis e problemas familiares tendem a ser sugadas para o mundo das drogas, do álcool e da criminalidade.
O comportamento, desejável ou indesejável, não apenas acontece: é causado. Basta lembrar do exemplo das meninas-lobas da Índia, citado no início desta pesquisa, que se comportavam como os animais. Se o comportamento fosse inato e inerente ao ser humano, mesmo entre os lobos, aquelas crianças teriam desenvolvido maneiras humanas. Mas isso não aconteceu. Assimilaram, ao se desenvolverem, as maneiras e os comportamentos dos lobos.
É importante ressaltar ainda que o enfoque dado pelos pais à aprendizagem escolar determinará o tipo de influência exercida sobre a criança. Por exemplo, se os pais preferem ver TV, passear ou assistir a um filme, ao invés de ler, certamente a criança, mesmo possuindo revistinhas e livros, não terá muito interesse por leitura. Portanto, sem intenção de ensinar, os pais podem influenciar a aprendizagem de seus filhos através de atitudes e valores que passam indiretamente para eles.
Moreno e Cubero (1995, p. 190-202) atribuem à família garantia de sobrevivência física de seus membros e ressaltam que é dentro dela que se realizam as experiências básicas que serão imprescindíveis para o desenvolvimento autônomo dentro da sociedade (aprendizagem do sistema de valores, da linguagem, do controle de impulsividade, etc.). Estes autores referem-se ao modelamento psicológico da criança, citando os meios para tal: recompensas, castigo, observação.
Consideram ainda que o poder da família é não absoluto e nem infinito, visto que:
 quando a criança nasce, certas características podem ao menos estar parcialmente definidas, como sua saúde e temperamento infantil;
 outros contextos socializadores, como escola e colegas, influem sobre a criança, paralelamente à ação dos pais, em maior ou menor grau;
 a família é influenciada por uma série de fatores determinantes de seu funcionamento, por exemplo a situação sócio-econômica dos pais. (MORENO e CUBERO,1995, p. 190-202).
Os referidos autores discorrem também sobre os diferentes estilos de comportamento dos pais e seus conseqüentes efeitos sobre o desenvolvimento social e da personalidade da criança.
Classificam os pais nas seguintes categorias:
 Pais autoritários - manifestam altos níveis de controle, de exigências e de amadurecimento, porém baixos níveis de comunicação e afeto explícito. Os filhos tendem a ser obedientes, ordeiros e pouco agressivos, porém tímidos e pouco persistentes no momento de perseguir metas; baixa auto-estima e dependência (não se sentem seguros, nem capazes para realizar atividades por si mesmos); filhos pouco alegres, mais coléricos, apreensivos, infelizes, facilmente irritáveis e vulneráveis às tensões, devido à falta de comunicação dos pais.
 Pais permissivos- pouco controle e exigências de amadurecimento, mas muita comunicação e afeto; costumam consultar os filhos por ocasião de tomada de decisões que envolvem a família, porém não exigem dos filhos, responsabilidade e ordem; estes, tendem a ter problemas no controle de impulsos, dificuldade no momento de assumir responsabilidade; são imaturos, têm baixa auto-estima, porém são mais alegres e vivos que os de pais autoritários.
 Pais democráticos - nível alto tanto de comunicação e afeto, como de controle e exigência de amadurecimento; são pais afetuosos que reforçam com freqüência o comportamento da criança e tentam evitar o castigo; correspondem às solicitações de atenção da criança; esta tende a ter alto nível de autocontrole e auto-estima, maior capacidade para enfrentar situações novas e persistência nas tarefas que iniciam; geralmente são interativos, independentes e carinhosos; costumam ser crianças com valores morais interiorizados (julgam os atos, não em função das conseqüências que advêm deles, mas sim, pelos propósitos que os inspiram). (MORENO e CUBERO,1995, p. 190-202).
Mussen (1970, p. 54-131), discorrendo sobre esta questão, conclui, em termos de aprendizagem e generalização social, que os lares tolerantes e democráticos encorajam e recompensam a curiosidade, a exploração, a experimentação, as tentativas para lidar com novos problemas e a expressão de idéias e sentimentos. E isso, certamente, uma vez aprendidas e fortalecidas em família, refletirá na atuação do educando na escola. Por outro lado, a criança que foi severamente controlada ou excessivamente protegida por seus pais, não aprende a exercer sua liberdade, visto que foi desencorajada de atuar independentemente, de explorar e experimentar por conta própria. Adquire, então, reações tímidas, desgraciosas, apreensivas e de modo geral, conformistas, as quais também se generalizam na escola.
2.2 A Família e o ajustamento emocional
É na primeira infância que se desenvolve a segurança emocional. Portanto, a criança precisa ser educada num ambiente emocionalmente estável e consistente, no qual tenha experiência de aceitação e amor incondicional. Sob tais condições, pode exprimir seus sentimentos sem medo e sem culpa, de forma que não exista necessidade de fuga, repressão, hostilidade ou ressentimento. Quanto mais nova é a criança maior será sua necessidade de segurança.
Além disso, pode-se verificar diferenças nítidas de personalidade, ligadas ao tratamento emocional recebido durante a primeira infância, assim como o tratamento afetuoso dos bebês conduz ao desenvolvimento de uma personalidade desembaraçada, generosa e confiante, enquanto que crianças criadas na atmosfera fria de orfanatos são, freqüentemente, sem compaixão e incapazes de ligações emocionais intensas. (MOULY, 1970, p. 104-253).
Para Mussen (1970, p. 54-131) a influência do lar é sumamente importante para o crescimento emocional da criança, dada a importância das primeiras experiências. Se estas forem saudáveis, a criança terá segurança, fará uma avaliação realista do seu valor, de suas forças e de suas limitações. Aceitará a si mesma pelo que é, e estando livre de angústia, poderá empregar construtivamente suas energias a fim de solucionar problemas e refletir sobre aquilo que está sendo explicado.
Nas palavras de Piletti:
“Os pais que se amam tendem a amar também os filhos. Estes se sentem confiantes, seguros, amantes da vida. Amar não significa dar liberdade absoluta. Existem limites para a ação individual, limites estabelecidos pelas ações dos outros. Isto é: eu sou livre, mas o outro também é livre; se vivemos juntos, devemos estabelecer conjuntamente as regras da nossa convivência”. (1989, p. 279)
Neste sentido, foi publicado recentemente um importante estudo científico que constatou:
25/03/2002 - Emoções afetam nossa habilidade mental para executar tarefas que requerem inteligência:
Nossa performance ao realizar algumas tarefas que requerem habilidades cognitivas (uso da inteligência, aprendizado de algo novo etc) e o recurso à memória, pode variar de acordo com o tipo de atividade e com o estado emocional em que estivermos. Assim, emoção e inteligência, e conseqüentemente algumas atitudes em que elas estejam envolvidas, se integram em um sistema mental em que os resultados vão depender do estado de cada uma. Por exemplo: um nível mais elevado de ansiedade do que o normal pode ser benéfico em algumas atividades, mas destrutivo em outras. Esse sistema de integração entre emoção e inteligência situa-se na região cerebral do córtex lateral prefrontal. Essas são algumas conclusões de um estudo coordenado por Jeremy Gray, da Universidade de Washington em Saint Louis (EUA), e publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences. (AGÊNCIA DE NOTÍCIAS PROMETEU – www.prometeu.com.br).
Portanto, os progressos na aprendizagem ficam inibidos quando a tensão emocional é grande, uma vez que a coordenação muscular é marcadamente enfraquecida por uma situação emocional bastante intensa e a eficiência da aprendizagem torna-se menor, sobretudo se depender da habilidade de manipulação.
Além disso, a eficiência intelectual é reduzida diante de forte tensão emocional podendo até ser psicologicamente verdadeira a expressão: "eu estava tão nervoso que não podia pensar." Para se verificar isso basta comparar a produção de uma pessoa normal, e de outra em estado intenso de emoção. Certamente a produção desta última será menor. Crianças amedrontadas, zangadas, desapontadas ou deprimidas podem reagir em situações de aprendizagem com menos da metade da capacidade com que poderiam fazê-lo em situação normal.
Portanto, a partir dos dados apresentados anteriormente e observando a realidade escolar, pode-se concluir que:
 as emoções desempenham um importante papel sobre a aprendizagem escolar. Basta observar que ninguém gosta de estar perto de professores chatos e mau humorado;
 as emoções agradáveis são tão favoráveis à aprendizagem quanto as desagradáveis são prejudiciais;
 a criança precisa sentir que seu desempenho é respeitado e valorizado pelo grupo social a que pertence, caso contrário não adquirirá confiança em si própria e verá, em cada situação nova, não um desafio e sim mais uma nova oportunidade de provar sua incapacidade.
2.3 A Família e o desenvolvimento cognitivo
Não menos importante é a contribuição da família para o desenvolvimento cognitivo da criança, uma vez que a relação que caracteriza o ensinar e o aprender transcorre a partir de vínculos entre as pessoas e se inicia no âmbito familiar.
É a partir da relação com o outro, através do vínculo afetivo que, nos anos iniciais, a criança vai tendo acesso ao mundo simbólico e, assim, conquistando avanços significativos no âmbito cognitivo. Nesse sentido, para a criança, torna-se importante e fundamental o papel do vínculo afetivo, que inicialmente apresenta-se na relação pai-mãe-filho e, muitas vezes, irmão(s). No decorrer do desenvolvimento, os vínculos afetivos vão ampliando-se e a figura do professor surge com grande importância na relação de ensino e aprendizagem, na época escolar.
Para aprender, necessitam-se dois personagens (ensinante e aprendente) e um vínculo que se estabelece entre ambos. (...) Não aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e direito de ensinar. (FERNÁNDEZ, 1991, p. 47 e 52).
Zorzi (1995, p. 213-228) conceitua conhecimento cognitivo como um processo de formação da própria inteligência; e esta, como o conhecimento de uma capacidade geral de estabelecer relações, quer seja entre objetos, eventos ou situações. Este autor faz correspondência entre construção da inteligência e processo de formação de conhecimentos. Não aleatórios, ressalva ele, mas sim estruturados de forma que os mais elementares servem de base para os mais complexos que se seguem. Contrariando a tese dos inatistas e dos behavioristas, esclarece que o desenvolvimento da inteligência constitui-se num processo de troca entre o sujeito e o meio, sendo resultado da interação entre eles (construtivismo).
Moreno e Cubero (1995, p. 190-202), consideram que para melhor desenvolverem o cognitivo na criança, os pais devem, com suas verbalizações, obrigá-la a antecipar eventos futuros, reconstruir acontecimentos passados, empregar a imaginação quando agem sobre os objetos pessoais ou eventos, efetuar inferências e buscar alternativas na solução de problemas.
É importante assinalar ainda que a necessidade de aprender não é inata, não é genética, mas sim social, uma vez que menos ou mais conhecimento não é determinante para a sobrevivência do indivíduo. O conhecimento facilita a sobrevivência, mas não é um necessidade natural do homem. Tanto isso é verdade que o fato de uma pessoa ir ou não para a escola é irrelevante, do ponto de vista natural. Continuará vivendo do mesmo jeito e isso não causará nenhum mal a sua saúde.
Portanto, a necessidade de aprender precisa ser estimulada, uma vez que a estimulação aguça, na criança, uma necessidade de resposta e busca pelo conhecimento. Nas palavras de Scoz (1999, p. 80)
A estimulação ou a motivação para aprender devem ser compreendidas na relação entre os aspectos afetivos e cognitivos do indivíduo, ambos dependentes do meio social. Assim, as crianças provenientes de contextos familiares que não conseguem valorizar a aprendizagem escolar tendem, na maioria das vezes, a não investir energia suficiente para aprender.
O mesmo autor cita ainda o depoimento da professora Suzana:
Se o pai e a mãe, que são tão importantes pra eles, sobrevivem sem ler e escrever, eles não têm ambição de querer subir na vida e de alcançar um outro status. E vão se acomodando: repetem, repetem, repetem de ano. Então você tem que lutar com esse social, essa herança que eles não tiveram. Eles não têm estímulo, não vêem significativamente, estão aprendendo uma coisa, que nem o pai, nem a mãe, que são tão importantes pra eles, sabem (...)
A partir dos dados apresentados anteriormente pode-se concluir que desde muito cedo (bebês) as crianças devem ser estimuladas. Por isso, é importante que os pais leiam para a criança, contem-lhe coisas, façam- lhe comentários sobre o mundo que a cerca, tenham boa disposição para responder e formular perguntas, utilizem palavras e enunciados que a criança conhece ou está prestes a conhecer, ou seja, é essencial que o infante seja cercado de atividades rotineiras e, de vez em quando, novidades; os pais devem sempre oferecer-lhes materiais para serem manipulados, como livros de história, jogos educativos, objetos da casa, etc.
3. A FAMÍLIA E A ESCOLA
3.1 O Relacionamento escola/família
A família é a primeira unidade com a qual a criança tem (ou deveria ter) contato contínuo e é também o primeiro contexto no qual se desenvolvem padrões de socialização e problemas que refletem na escola e na aprendizagem da criança.
A interferência mais forte ocasionada pela família na escola aparece sob a forma de distúrbios de comportamento, ou seja, alunos com desvio de conduta, excessivamente agressivos ou erotizados, geralmente, se originam de um meio familiar hostil. Para se entender isso basta pensar que ocorrendo uma falha na linha de montagem familiar, o produto criança sai com defeito da linha de produção. Seja um problema leve (distúrbio de conduta) ou uma pesada depressão. (BALLONE, 2003, p.1).
Resumindo, a família é determinante no comportamento e na aprendizagem do aluno, pois ele leva consigo para a escola aquilo que aprendeu ou vive em sua casa. Por isso a família pode ser a raiz de diversos problemas e dificuldades escolares apresentadas pela criança.
O tipo de educação é o primeiro fator familiar que pode interferir na escola, gerando sérios distúrbios comportamentais. A educação familiar adequada é feita com amor, paciência e coerência, pois desenvolve nos filhos autoconfiança e espontaneidade, que favorecem a disposição para aprender. Entretanto, é freqüente encontrar adultos que “ensinam” às crianças exatamente o contrário do que fazem, isto é, são incoerentes: ensinam uma coisa e fazem outra. Em geral, as crianças aprendem o que os adultos fazem e não o que querem ensinar. (PILETTI, 1989, p. 151-153)
A educação autoritária e opressora, quando é exercida por um dos pais, pode causar sentimentos divididos, incapacidade para o trabalho e para o entrosamento social. Quando a opressão é praticada por ambos os pais, a criança pode apresentar resignação e fuga para o mundo da fantasia, além mostrar agressiva e teimosa. De uma forma ou de outra, sempre manifesta falta de ternura, amor e compaixão.
Outros problemas familiares que se manifestam na escola são arrolados por Jose e Coelho (1999, p. 187):
 Separação dos pais - Pode trazer um desajustamento social muito grande para a criança, levando-a à agressividade, angústia, sentimento de abandono nos casos em que ela se sente perdida, dividida e sem saber se continua ou não sendo amada.
 Morte - A morte dos pais, de um parente ou de um amigo especial pode acarretar sérias conseqüências para a criança, dependendo do grau de maturidade e das atitudes da família em relação ao fato. Podem também se manifestar das mais diferentes formas: uma criança torna-se irritada, agressiva, intolerante (exige a satisfação de seus desejos); outra torna-se solitária e desinteressada pela vida e outra ainda pode tornar-se demasiadamente eufórica, passando a contar vantagens que não retratam a realidade.
 Superproteção (filho único) - A superproteção dos pais e sobretudo da mãe ou dos avós impede a criança de tomar qualquer iniciativa, tornando-a aos poucos completamente passiva, dependente da vontade dos adultos. Além disso, a criança também pode manifestar atitudes “malcriadas” (falta de cortesia, desobediência, uso de palavrões), provenientes do excesso de mimo e liberdade dados em casa. (JOSE e COELHO, 1999, p. 187).
Estes problemas podem afetar profundamente o desenvolvimento infantil e a aprendizagem e podem levar, caso persistam, a sérios problemas de comportamento, seja criando uma pessoa anti-social, um delinqüente, um suicida ou até mesmo um criminoso perigoso. Inegavelmente estas condutas interferem profundamente no processo educativo. Somente para se ter uma idéia disso Ballone (2001, p. 1) cita no seu site a seguinte pesquisa:
Delinqüência juvenil está relacionada a problemas na escola e família, diz estudo
Defasagem escolar e problemas na família são características comuns à maioria dos jovens infratores de São Paulo e Santos (SP), concluiu pesquisa.
Mais do que as condições socioeconômicas, a falta de interação entre pais e filhos, a existência de parentes com problemas psicopatológicos e os problemas escolares são fatores determinantes para a inserção dos jovens no mundo do crime. Esta é a conclusão que a psicóloga Maria Delfina Farias Dias chegou, após realizar seu trabalho de mestrado apresentado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Outro problema de conduta que se manifesta dentro da escola e que tem raízes na família refere-se à agressividade. Todos os seres humanos e também os animais trazem consigo um impulso agressivo. Não é um traço da personalidade. Trata-se de um comportamento emocional, onde a tendência é de atacar ou provocar, podendo ser através de atos agressivos, que podem não ser a verdadeira expressão de raiva, mas desvios de outros sentimentos, mágoa, insegurança, etc., que devido ao fato de não saber lidar com eles expressa-os através da agressão.
José e Coelho (1999, p. 174), refletindo sobre a agressividade afirma que “o comportamento agressivo é fruto de aprendizagem e a educação dada pelos pais desempenha um papel relevante na formação de uma personalidade mais ou menos agressiva.” Além disso, grande parte do comportamento agressivo resulta de práticas sociais que o reforçam. Aquele que excede os limites socialmente aprovados pode ser uma manifestação de padrões de reação adquirida numa família, comunidade ou subcultura que encoraja tal comportamento.
José e Coelho (1999, p. 174) consideram ainda que os indivíduos superagressivos e anti-sociais são oriundos de ambientes onde há:
 Rejeição dos pais ou parentes;
 Excessiva tolerância da agressividade;
 Falta de supervisão dos pais ou responsáveis;
 Desvios sociais dos pais e parentes;
 Discórdias em família;
 Tratamento incoerente (ora muito mimo, ora muita punição);
 Uso de punições físicas dolorosas;
 Ameaças de punição física.
O Código Penal Brasileiro prevê diversos tipos de violência: agressão física, ameaça, omissão, etc. No caso da família os tipos mais comuns de violência que os pais podem cometer contra os filhos, com fins pretensamente disciplinadores, no exercício de sua função socializadora, ou com outros objetivos, pode tanto ser física, quando a coação se processa através de maus-tratos corporais (espancamentos, queimaduras, etc) ou por negligência e omissão em termos de cuidados básicos (alimentação, vestuário, segurança etc). (DELMANTO, 1998, p.215-291).
O abuso físico é o uso do castigo corporal “sob pretexto” de educar ou disciplinar a criança ou adolescente. São considerados abusivos desde um tapa ou beliscão até os espancamentos, queimaduras. Também é considerado abuso físico o castigo que se mostra incompatível à idade e capacidade de compreensão da criança, como, por exemplo, deixar uma criança de 03 anos sentada por horas “para pensar”. (DELMANTO, 1998, p.215-291).
A negligência é a omissão dos responsáveis em garantir cuidados e satisfação das necessidades da criança ou adolescente, sejam elas primárias (alimentação, vestuário e higiene), secundárias (educação e lazer) ou terciárias (afeto, proteção). A não-satisfação de cada um desses níveis de necessidade pode acarretar sérias conseqüências ao desenvolvimento da criança/adolescente.
A violência sexual acontece quando a coação se exerce tendo em vista obter a participação em práticas eróticas. O abuso sexual é todo ato ou jogo sexual entre a criança/adolescente e um familiar seja ele seu responsável legal ou não, podendo haver contato físico e uso de força física. (DELMANTO, 1998, p.215-291).
Na opinião de (BALLONE, 2002, p. 1) alguns fatores são indicativos de violência doméstica em crianças e adolescentes. Dentre os quais se pode citar:
- Doenças sexualmente transmissíveis;
- Comportamento muito erotizado para a idade cronológica;
- Medo de adultos;
- Distúrbios afetivos e distúrbios de conduta;
- Enurese noturna;
- Aparência descuidada e suja;
- Desnutrição;
- Evasão escolar e dificuldades na aprendizagem
Portanto, os problemas familiares podem ocasionar sérios reflexos no meio escolar e os atores educacionais devem estar atentos para detectá-los e tomar providências a fim de inibi-los. Além disso, a família pode ocasionar problemas mais específicos e ligados diretamente a aprendizagem escolar. Estes problemas serão analisados nos tópicos seguintes.
3.2 Conceitos de aprendizagem
Mussen (1970) define aprendizagem como mudança no comportamento ou desempenho em resultado de experiência. Para este autor, a aprendizagem ocorrerá de maneira mais satisfatória se houver uma motivação (necessidade ou desejo de aprendê-la) e um reforço (recompensa). Considera, porém, que alguns processos de aprendizagem podem ocorrer sem motivação e reforço, ou seja, através da identificação com o outro; exemplificando: quando uma criança se identifica com seus pais, adquire muitas das características, pensamentos e sentimentos deles; em suma, adquire o padrão de comportamento da família.
Gagné (1974, apud PILETTI, 1989, p. 37) discorre sobre oito tipos de aprendizagem, desde a mais simples (aprendizagem de sinais) até a mais complexa (aprendizagem de solução de problemas).
Celidonio (1998) concebe a aprendizagem como um processo em que a personalidade da criança possa se desenvolver autonomamente e não como um reflexo de um certo modelo de indivíduo que a família ou a sociedade julgam ideal. Enfatiza a questão de valores e as idealizações que cada membro do casal normalmente projeta sobre o outro e sobre cada um de seus filhos, como fenômeno constitutivo de conflitos e crises do sistema familiar. Esse autor constata que o processo de aprendizagem, ao invés de ser visto de forma mecânica e estática, deve ser visto como um processo ativo em que a aquisição de padrões e conteúdos, por parte de um indivíduo, envolve um processo de atribuição de significado aquilo que é aprendido.
José & Coelho (1999) também focalizam a aprendizagem significativa e aprendizagem como mudança de comportamento em função da experiência. Ressaltam que é comum as pessoas restringirem o conceito de aprendizagem somente aos fenômenos que ocorrem na escola, como resultado de ensino. No entanto, o termo tem um sentido mais abrangente: compreende os hábitos que se formam, os aspectos da vida afetiva e a assimilação de valores culturais. Referem-se a aspectos funcionais, resultantes de toda estimulação ambiental recebida pelo indivíduo no decorrer da vida.
Além desses conceitos existe uma infinidade de outros, assim como uma diversidade de autores que discorreram sobre a questão. Porém, o que foi apresentado é suficiente para a compreensão do tema, desde que os seguintes pontos estejam bem claros:
 a motivação é um fator de grande importância para a aprendizagem;
 a criança tem mais motivação para aprender quando as coisas têm um significado para ela.
 a criança aprende melhor quando participa ativamente do processo de ensino;
 no processo de aprendizagem deve-se respeitar a individualidade e a verdadeira potencialidade de cada criança.
 às vezes a aprendizagem ocorre através da identificação da criança com o " outro".
3.3 Distúrbios de Aprendizagem
Para a maioria das crianças aprender pode ser um desafio. Mas isso, em geral, não indica distúrbio de aprendizagem, mas que todo infante tem seus pontos fortes e seus pontos fracos na questão da aprendizagem. Algumas têm grande capacidade de ouvir; assimilam muitas informações simplesmente ouvindo. Outras têm mais facilidade com o visual; aprendem melhor lendo. Na escola, porém, todos os alunos são misturados numa sala de aula e espera-se que todos aprendam independentemente do método de ensino utilizado. Assim, é inevitável que alguns apresentem problemas de aprendizagem.
Há, porém, algumas autoridades no assunto que acham que existe uma diferença entre simples problemas de aprendizagem e distúrbios de aprendizagem. A explicação é que os problemas de aprendizagem podem ser vencidos com paciência e dedicação. Porém, os distúrbios são mais complicados e profundos.
Ainda assim, uma deficiência de aprendizagem não significa necessariamente que a criança seja deficiente mental.
Muitas crianças com deficiência de aprendizagem têm inteligência média ou acima da média; algumas, de fato, são extremamente brilhantes. É esse paradoxo que muitas vezes alerta os médicos da possível presença de uma deficiência de aprendizagem.
Noutras palavras, o problema não é simplesmente que a criança tem dificuldade em acompanhar seus colegas. O que acontece é que o seu desempenho não é compatível com o seu próprio potencial.
Segundo o Comité Nacional de Dificuldades de Aprendizagem (EUA, 1997):
Dificuldade de Aprendizagem é um termo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades na aquisição e no uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estas desordens são intrínsecas ao sujeito, presumidamente, devido a uma disfunção no sistema nervoso central, podendo ocorrer apenas por um período na vida.
Alicia Fernandez (1991, p. 98), em vários momentos do seu livro “A inteligência aprisionada”, traz uma visão global das dificuldades de aprendizagem:
Se pensarmos no problema de aprendizagem como só derivado do organismo ou só da inteligência, para a sua cura não haverá necessidade de recorrer à família. Se ao contrário, as patologias no aprender surgissem na criança somente a partir da sua função equilibradora do sistema familiar, não necessitaríamos, para seu diagnóstico e cura recorrer ao sujeito separadamente da sua família (...).
Martin e Marchese (1995) conceituam distúrbio de aprendizagem como qualquer dificuldade observável enfrentada pela criança para acompanhar o ritmo de aprendizagem de seus colegas de mesma faixa etária, seja qual for o fator determinante desse atraso. Pode ocorrer tanto no início como durante o período escolar e mesmo antes do período de escolarização.
Cupello (1998) atribui os distúrbios de aprendizagem a fatores biológicos e sociais. Lembra que as condições sócio-econômicas desfavoráveis causam doenças e distúrbios de aprendizagem, principalmente nos casos de má nutrição, carências afetivas, falta de estimulação precoce, pobreza e miséria, podendo, nestes casos, o sistema nervoso central ficar comprometido. Refere-se também aos fatores emocionais e à qualidade de linguagem da criança e concluiu que a diferença maior entre o portador de distúrbio e o não portador, reside na qualidade de sua linguagem.
José & Coelho (1999) também consideram como desencadeantes dos distúrbios de aprendizagem, o tipo de educação familiar, além de fatores orgânicos (saúde física deficiente, falta de integridade neurológica, alimentação inadequada, etc.) e fatores psicológicos (inibição, ansiedade, angústia, inadequação à realidade, sentimento generalizado de rejeição, etc.).
Alguns estudos, citados anteriormente, sugerem que as deficiências de aprendizagem possam ter um componente genético, ou de fatores ambientais, como o envenenamento por chumbo ou o uso de drogas ou de álcool durante a gravidez. Contudo, a causa, ou causas, exata ainda é desconhecida.
Além disso é importante assinalar que há crianças que manifestam uma deficiência de aprendizagem temporária porque o seu desenvolvimento em alguma área sofre atrasos, porém, com o tempo, essas dificuldades são superadas.
É importante considerar também que, por exemplo, o método da escola pode dificultar a aprendizagem de uma criança com dificuldades na percepção visual quando se utilizam métodos visuais (ensino de frases e textos). Neste caso métodos auditivos são mais indicados. Assim, o professor deve ter a capacidade de identificar o melhor para a criança utilizando, se possível, variação metodológica dentro da sala de aula.
Portanto, o Educador desempenha um papel importante na identificação do distúrbio. Aquela criança que não acompanha o ritmo de seus colegas deve ser identificada e acompanhada de perto. Após alguns meses de trabalho (3 - 6 meses) dentro da sala de aula sem um progresso na aprendizagem o aluno merece uma atenção especial e deve ser encaminhado à orientação pedagógica da escola.
3.4 A família e os problemas de aprendizagem
Não há dúvida de que a influência familiar é decisiva na aprendizagem dos alunos. Os filhos de pais extremamente ausentes vivenciam sentimentos de desvalorização e carência afetiva, que os impossibilita de obter recursos internos para lidar com situações adversas. Isso gera desconfiança, insegurança, improdutividade e desinteresse, sérios obstáculos à aprendizagem escolar.
Os problemas de aprendizagem, geralmente, estão ligados à estrutura familiar, ao número de irmãos e à posição do educando entre eles, assim como o tipo de educação dispensada pela família.
Quanto à estrutura familiar nem todos os aluno pertencem a famílias com pai e mãe, com recursos suficientes para uma vida digna. Normalmente verificam situações diversas: os pais estão separados e o aluno vive com um deles, o aluno é órfão, o aluno vive num lar desunido, o aluno vive com algum parente; etc. Muitas vezes, essas situações geram obstáculos à aprendizagem, não oferecem à criança um mínimo de recursos materiais, de carinho, compreensão, amor. (PILETTI, 1989, p. 151-153)
Um lar em que todos os esforços são despendidos para uma sobrevivência difícil, gera tensões e conflitos para a criança, jogada entre duas realidades diferentes: de um lado, a família sem recursos; de outro, a escola que exige ordem e organização. Pode-se dizer que a escola não está adaptada à realidade da maioria de seus alunos que, por isso mesmo, não aprendem o que lhes é ensinado.
Apesar de todos os problemas o aluno quer aprender, vê na escola e na aprendizagem uma possibilidade de mudar de vida. Entretanto, a forma como é tratado pela escola leva-o a desistir, pois muitas vezes é reprovado, julgado incapaz e mesmo expulso pela escola que não foi feita para ele. São poucos os que conseguem vencer o ambiente hostil. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de cada cem crianças que começam a primeira série do primeiro grau, apenas dez conseguem chegar ao segundo grau.
A posição da criança entre os irmãos também pode afetar o rendimento escolar, uma vez que quando o número de irmãos é muito grande torna-se difícil dar a todos a atenção de que necessitam. Por outro lado, crianças de famílias numerosas costumam ter maior experiência de atitudes cooperativas e serem mais independentes. Contudo, cabe ao professor tentar evitar que as carências prejudiquem a aprendizagem e valorizar.
Por outro lado o filho único que em casa recebe todas as atenções dos pais e tem satisfeita todas as suas vontades enfrenta, na escola, sérios problemas, uma vez que nesta última instituição ele é apenas mais um entre outros trinta alunos. Com isso desenvolve bloqueios à aprendizagem, podendo desvalorizar a escola, querer abandoná-la, etc. Exige-se, neste caso, um trabalho de adaptação à vivência em grupo. (PILETTI, 1989, p. 151-153)
De acordo com Piletti (1989, p. 151-153) a educação desigual ocorre quando o pai age de uma maneira e a mãe de outra, quando um professor ensina de um jeito e outro professor de outro. Essa desigualdade pode produzir nervosismo e agressividades que impedem o aluno de aprender de forma eficiente. Nesses casos è muito importante a colaboração entre a família e a escola, assim como o diálogo do professor com a criança.
A educação que valoriza a ambição, o ter, mais do que o ser também interfere na aprendizagem do aluno. Nesse caso, os pais esperam que seus filhos alcancem resultados fora do comum e a criança pode desenvolver um falso sentimento de superioridade, que não se baseia na realidade, e ao mesmo tempo sentir-se frustrada pois não consegue satisfazer as expectativas dos pais. Muitas vezes, esse tipo de educação é praticado por pais frustrados, na esperança de realizar através dos filhos o que não conseguiram por si mesmos. (PILETTI, 1989, p. 151-153)
A falta de amor pelos filhos também é um outro fator que reflete na aprendizagem do aluno. Crianças não amadas ou rejeitadas pelos pais manifestam muita necessidade reconhecimento, de atenção e carinho. Muitas vezes, essas crianças podem sentir-se satisfeitas quando são punidas ou maltratadas, pois estão sendo alvo de alguma espécie de atenção, o que é sempre melhor que a indiferença. O professor deve ser amigável, valorizar as realizações dessas crianças, especialmente nas áreas em que prevalecem suas capacidades e seus interesses.
Os efeitos emocionais da deficiência de aprendizagem podem agravar o problema ainda mais, uma vez que o rendimento escolar fraco projeta na criança a idéia de fracassados, repetentes, idiotas etc, tanto por parte dos professores quanto dos colegas e da família. Com isso desenvolvem uma auto-estima negativa que pode evoluir para patologias piores.
É essencial, portanto, que as crianças com deficiência de aprendizagem recebam apoio dos pais. Mas, para darem apoio, os pais precisam primeiro examinar os seus próprios sentimentos. Alguns sentem culpa, como se de algum modo fossem culpados pela condição da criança. Outros entram em pânico, sentindo-se esmagados pelos desafios à frente. Ambas as reações são inúteis. Elas imobilizam os pais e privam a criança da necessária ajuda.
De acordo com Piletti (1989, p. 151-153):
O amor dos pais ou de outros adultos é uma condição indispensável para a educação das crianças. Quando os pais amam os filhos, estes desenvolvem atitudes positivas em relação a si mesmos, aos outros e à vida. (...) Quando a criança vive com pais que não se amam e não as amam, o resultado pode ser catastrófico: os problemas dos pais, suas atitudes negativas diante da vida e dos outros passarão para os filhos.
Além disso, os especialistas frisam que se deve elogiar a criança por qualquer bom desempenho, por mais insignificante que seja. Mas, ao mesmo tempo, não se deve negligenciar a disciplina e o método. As crianças precisam de uma estrutura sólida, em especial as que têm distúrbios de aprendizagem.
Enfim, de maneira geral, uma grande parte dos problemas de aprendizagem reflete o desequilíbrio social e emocional das relações existentes na família. Isso porque a família é a primeira célula de desenvolvimento da criança e tem capacidade para moldar todos os aspectos da personalidade e da formação do indivíduo, ou seja, na família existem problemas que afetam direta ou indiretamente a criança, refletindo-se no desempenho escolar e no comportamento social do indivíduo.
4. PESQUISA DE CAMPO
4.1 Procedimentos metodológicos
Esta pesquisa envolveu duas fases distintas, mas complementares e interligadas. A primeira foi exploratória e bibliográfica, consistindo na consulta a livros, revistas, periódicos e outras fontes que ajudaram a sustentar e esclarecer os aspectos teóricos do tema. Enquanto que a segunda na segunda fase realizou-se uma investigação de campo com a finalidade de se observar a percepção dos principais atores educacionais sobre o tema.
Após a coleta dos dados realizou-se a interpretação dos mesmos e a respectivo enquadramento teórico. De acordo com a fundamentação bibliográfica apresentada nos tópicos anteriores. A importância deste método na pesquisa científica foi sintetizada por Triviños que considera que (1987, p. 121) ”(...) o pesquisador não fica fora da realidade que estuda, à margem dela, dos fenômenos que procura captar seus significados e compreender”.
4.2 Escola alvo
A pesquisa foi realizada na escola xxxxxxx.
É uma escola pública mantida pela Prefeitura Municipal e proporciona aos alunos, o estudo de Educação Infantil de Pré- Escolar e Ensino Fundamental de 1a a 4a séries, sendo a clientela proveniente de sítios, chácaras e bairros da periferia da cidade. Sob o aspecto sócio-econômico e cultural, constatou-se que a maioria dos alunos pertence à classe baixa de renda familiar, por serem filhos de lavradores e empregados. A maioria dos pais de nossos alunos apresenta pouco poder aquisitivo e baixo nível cultural.
A comunidade onde a Escola está localizada é composta de periferia, bairros e vilas da cidade, também de chácaras, sítios e conjuntos habitacionais com infra-estrutura de saneamento básico, sendo que seus moradores pertencem a classe de baixa renda familiar, os quais se dedicam ao trabalho rural, como principalmente os bóias-frias, saindo assim muito cedo de suas casas e retomando somente à noite, por este motivo não há uma participação ativa e constante dos mesmos na escola.
4.3 População-alvo
Esta investigação de campo tem por finalidade avaliar a percepção dos professores sobre a importância e o impacto do contexto familiar no ambiente escolar. Portanto, a população-alvo da investigação são os alunos da escola. Contudo, os dados não serão obtidos diretamente com os educandos, mas por meio do depoimento de professores que atuam com a população alvo na escola escolhida, pois dada a convivência diária entre estes docentes, tem meios para observarem fatos relativos ao tema, por exemplo problemas de aprendizagem, assim como suas respectivas origens, no caso a família.
Os professores participantes da pesquisa foram escolhidos aleatoriamente.
4.4 Instrumento de coleta de dados
Segundo Triviños (1987, p.137-138), por ser esta uma pesquisa qualitativa, o investigador deve utilizar-se de métodos e técnicas capazes de captar e delimitar a temática proposta. Por isso neste trabalho o instrumento de coleta escolhido foi o depoimento, ou seja, o relato de um fato ou problema.
Para isso foi solicitado, verbalmente, aos professores escolhidos que relatassem um fato ou problema cujo motivo estivesse relacionado com a família, podendo ser problemas de comportamento, de aprendizagem, etc. Além disso, pediu ao docente para observar se houve o envolvimento da família na busca de solução e que como isto aconteceu, assim como quais foram as providências tomadas e se elas obtiveram resultado.
4.5 Tratamento dos dados
Esta é a parte que requer mais atenção do pesquisador, pois no término da coleta de dados de uma pesquisa de caráter qualitativo, o pesquisador se depara com uma diversidade de informações e notas de pesquisa que deverão ser sistematizados e interpretados.
Como a presente pesquisa é qualitativa, utilizaram-se técnicas de análise de conteúdo, descartando-se as informações que fugiram do campo da temática e retendo apenas aquelas pertinentes ao estudo. A delimitação do tema foi estabelecida pelo âmbito da pesquisa bibliográfica, ou seja, foram ressaltados que se relacionavam, diretamente ou indiretamente, com algum ponto da pesquisa bibliográfica.
4. 6 Resultados obtidos
4.6.1 Depoimento da Professora M. A. A.
Esta professora relata que o aluno A. M. de 7 anos, no início de 2004, teve um comportamento bom. Mas a partir do segundo bimestre começou a demonstrar muito nervosismo em sala de aula. Este aspecto era revelado em ações tempestuosas como: agredir física e verbalmente seus colegas, jogar o material no chão, chutar as carteiras, rasgar o caderno e os trabalhos escolares, etc.
A professora procurou a mãe deste aluno e descobriu que ela havia separado do marido no ano anterior. Porém, estava reatando a relação.
Em um dos seus momentos de raiva foi necessário encaminhá-lo a direção e, por meio de conversa, a diretora descobriu que o menino está agindo dessa forma para chamar a atenção da professora e dos colegas, pois ele tem duas irmãs menores, sendo que uma dela nasceu quando ele tinha cerca de um ano de idade. Portanto, ele perdeu o colo materno muito cedo e, ultimamente, está se sentindo ainda mais desprezado pelos pais. Enfim, este aluno acha que ninguém gosta dele e comporta-se mal para chamar a atenção de todos ao seu redor.
Após conversa da diretora e da professora com os pais deste aluno, ele apresentou melhora significa de comportamento. Contudo, este trabalho obterá resultado apenas em longo prazo, mesmo assim, o comportamento do aluno tem melhorado gradativamente.
4.6.2 Depoimento da Professora T. A. N. M.
Esta professora relata que o aluno F. C. de 9 anos, desde o início do ano letivo de 2004, apresenta excessiva desatenção. Não efetua suas tarefas, é indisciplinado e agressivo com os colegas.
Não encontrando solução para o problema a professora procurou a mãe do educando e descobriu que ele não mora com ela, mas sim com sua tia. Esta mãe contou que está brigando pela tutela da criança e que quando ele estava sob sua guarda agia de forma diferente. Disse ainda que a tia da criança não estabelece limites para seus atos e que quando ela tenta impor limites o aluno fica nervoso e desconta sua raiva nos colegas e demais pessoas a seu redor.
De acordo com esta professora, a Diretora da escola procurou orientar a família do aluno, mostrando-lhes os prejuízos da discórdia no desenvolvimento da criança. Assim, a equipe pedagógica espera que o aluno obtenha uma melhora gradativa em seu comportamento e que se recupere da defasagem de conteúdos.
4.6.3 Depoimento da Professora R. A.
Esta professora relata que o aluno A. S.S. é de uma família de baixa renda e apresenta dificuldades na aprendizagem, assim como se esquece facilmente o que lhe é ensinado. É agressivo com os colegas quando estes lhe negam alguma coisa, agredindo-os com socos e tapas.
Em uma conversa com o aluno, esta professora percebeu que ele se sentiu muito importante e demonstrou segurança em responder o que lhe foi perguntado. Contou que mora com a mãe e cinco irmãos mais velhos, segundo ele, o pai mora em outra cidade. Porém, ao mesmo tempo diz que “o pai morreu”.
Questionado pela professora se tinha algum vício na família respondeu, meio com receio, que sua mãe e seu irmão mais velho usam bebidas alcoólicas e cigarro. Disse ainda que é agredido pela mãe, mesmo não tendo feito nada de errado, assim como apanha de seus irmãos. Este aluno contou ainda que dorme, na mesma cama, em companhia da mãe e da irmã de 11 anos e que no mesmo quarto dorme seu irmão de 13 anos.
Em conversa com a mãe do aluno, esta professora descobriu que ele faz amizades facilmente, mas briga constantemente e demonstra muito ciúme dos amigos. A mãe disse ainda que o filho é “difícil de lidar” e que quer que ele seja “alguém na vida”, porém não possuem, em casa, material de leitura para o filho estudar. Disse ainda que gostaria de ter mais tempo para ajudá-lo, mas que trabalha o dia todo e não sobra tempo.
A professora percebeu que A.S.S. sentiu-se muito importante durante a conversa que teve com ele, assim como um aumento de sua auto-estima, demonstrando interesse em participar mais das atividades escolares.
Além disso, a equipe pedagógica da escola constatou que o problema do aluno está relacionado com a falta de atenção dada em casa e falta de uma família estruturada.
4.6.4 Depoimento da Professora Z.S.R.G.
Esta professora relata que realizou, recentemente, uma pesquisa de campo com o aluno M. O.. A pesquisa consistiu em uma entrevista sobre o relacionamento do educando com família.
De acordo com a professora, o aluno disse que morava com os pais e irmãos, assim como gostava dos dois, porém demonstrou ter mais carinho pela mãe, a qual diz dar mais atenção para ele. Contou ainda que seu pai não gosta de levá-lo para passear, pois ele fica imitando as pessoas na rua.
Afirmou ainda que a Avó não gosta dele, pois o considera muito briguento. Porém, tem um bom relacionamento com uma de suas irmãs que o ajuda nas tarefas escolares. Contudo, essa irmã diz que ele é burro e seu material um lixo. Por isso ele esconde seu caderno e livro atrás do guarda-roupa, pois tem medo que ela jogue fora. Já a irmã diz que não dá muita atenção para ele, pois é uma criança inquieta e por provocar seus irmãos e amigos.
De acordo com a professora, esse aluno acha o seu caderno muito feio e sujo. Considera sua letra um “reboque” e diz que ninguém gosta de olhar seu caderno. Afirma ainda que quando fica bravo joga o caderno no chão e pisa encima. Além disso, o aluno conta que se sente “grandão” quando sua mãe pede para ele ir ao mercado sozinho.
Ainda de acordo com a professora, esse aluno, na sala de aula, é inseguro e quase não faz nada sozinho. Além disso, está sempre mexendo com os outros e é raro vê-lo com material novo e suas tarefas raramente são feitas em casa, pois, de acordo com o aluno, ninguém tem paciência para ensiná-lo e gritam com ele. Por isso ele joga o caderno e vai brincar na rua.
Esta professora afirma ainda que este aluno apresenta dificuldade na leitura e na escrita e necessita de muita ajuda, motivação e de alguém que demonstre preocupação com ele, auxiliando-o em suas tarefas.
4.6.5 Ata do Conselho de Classe da Escola
Conselho de Classe, Segundo Bimestre, com a presença da direção da equipe técnico-administrativa, pedagógica e professores.
Uma das principais reclamações feitas pelos professores é em relação ao desinteresse de alguns alunos e também de seus familiares. Percebe-se que as famílias trabalham o dia todo e não tem tempo disponível para os filhos, sendo que as crianças ficam sozinhas em casa, cuidando dos irmãos menores e até mesmo executando tarefas domésticas.
Isso causa um certo descontrole emocional, tornando as crianças agressivas e agitadas, sem muito interesse pelos estudos, pois se tornam independentes desde muito cedo. Além disso, são obrigadas a tomar decisões que deveriam ser tomadas pelo adulto responsável.
Sempre que se faz reuniões com os pais e mestres ou mesmo quando são chamados na escola, para tratar de assuntos referentes aos filhos, os mesmos não comparecem, pois não podem faltar ao trabalho e isso faz com que a aprendizagem dos alunos acabe ficando só por conta da instituição educacional.
Contudo, só a escola não consegue fazer com que o problema seja solucionado, pois a participação dos pais é importante para sanar os problemas de comportamento e aprendizagem. Sem a família os professores e a equipe pedagógica ficam sobrecarregados e não consegue dar conta de todos. Mesmo assim, procuram fazer um trabalho diferenciado e individualizado, utilizando vários recursos, como quebra-cabeça, etc, sem contar o uso de filmes, músicas, poemas, receitas, leituras, etc. Enfim, a escola faz a sua parte e mais ainda.
4.7 Análise dos resultados
A maioria dos relatos dos professores envolve o comportamento agressivo dos alunos, assim como a respectiva atribuição de culpa, dessas condutas, ao meio familiar. Fatos comprovados pela detecção da desestruturação e das dificuldades enfrentadas pelas famílias, ou seja, a criança aquilo que a criança aprende e vive em sua casa é transportado como conduta e postura correta também na escola.
Quanto à origem da agressividade Brioso e Sarriá (1995, p. 165) conceituam a agressão como impulso, aprendido em uma história de frustração e necessidades precoces insatisfeitas. A repressão destes impulsos afeta, de acordo com eles, negativamente o desenvolvimento do indivíduo; por isso, no contexto da psicoterapia, tenta-se conhecer e compensar as frustrações que gerou tais impulsos. Portanto, estes autores, consideram que a agressão é aprendida, mediante um processo de aprendizagem social, ou seja, trata-se de condutas indesejáveis que podem ser eliminadas mediante procedimentos de modificação de conduta.
Transportando essa idéia para os problemas citados nos depoimentos, pode-se concluir que a família é a principal responsável pelos desvios e pelas condutas inadequadas da criança na escola, ou seja, contribui tanto para o surgimento do mal comportamento, quanto para a sua piora.
Neste sentido, são pertinentes as considerações de Ballone (2001, p. 1), que sistematizou o processo de surgimento da agressividade na criança. De acordo com este autor, inicialmente, há uma interação agressiva entre pai e filho caracterizada por reprimendas e disciplina inconsistente, conduta irritável e explosiva, ou que leva a criança a adquirir um comportamento agressivo como modelo. Em seguida esta agressividade acaba determinando uma rejeição por parte dos outros (amigos, colegas, professores), levando ao fracasso escolar e a depressão, podendo intensificar ainda mais o comportamento agressivo. Por último, este processo termina leva ao máximo de violência, atos delituosos, aderência a grupos de risco (criminalidade) e abuso de sustâncias (drogas, álcool, cigarros), assim como por fracassos ocupacionais (estudos, trabalho).
Outro aspecto importante, apontado por Ballone (2001, p.1), que deve ser considerado pelos atores educacionais refere-se a educação da criança num meio de agressividade. Crianças agressivas, proveniente de famílias agressivas, com poucas habilidades sociais, tendem a repetir, quando adultos, o mesmo padrão educacional adquirido de seus pais, em seus próprios filhos, ou seja, pais agressivos criam filhos agressivos. Filhos agressivos criarão filhos no mesmo modelo. Perpetuando o ciclo da violência familiar.
Quando os pais ou professores ensinam que não é necessário tirar dos colegas os brinquedos, mas que é possível pedir para brincar com eles ou chegar a um acordo sobre como dividi-los, eles estão ensinando à criança estratégias sociais que podem substituir condutas agressivas. Se esse tipo de estratégia se mostrar eficaz, gradualmente a criança aprende a negociar e, se o ambiente dela (escola, família, grupo social) valorizar essa atitude, aos poucos, a conduta agressiva vai desaparecendo.
Outras informações levadas nos depoimentos e que afetam profundamente a aprendizagem da criação referem se à rejeição familiar, a instabilidade e os conflitos das decisões e a apologia da violência dentro de casa.
De acordo com Ballone (2001, p. 1) e Piletti (1989, p. 151-153) algumas condutas dos pais podem ser consideradas "condutas de risco" para o desenvolvimento de padrões agressivos de comportamento nos filhos. Uma dessas condutas é rejeitar a criança, mostrando claramente que ela não é amada ou que ninguém se importa pelo que possa lhe acontecer. Outra conduta de risco é a inconsistência na forma de colocar limites: por vezes, os pais são permissivos demais, deixando que a criança faça tudo o que deseja, e, em outras ocasiões, são autoritários, punitivos e inflexíveis em excesso. Esse tipo de educação deixa a criança confusa sobre o que pode e o que não pode fazer e acaba tornando-se difícil para ela distinguir o certo do errado, o aceitável do inaceitável. Também não é raro encontrar pais que estimulam a conduta agressiva dos filhos, principalmente dos meninos, para a resolução de conflitos.
Contudo, é importante considerar também o papel da escola nesta questão que pode ser tanto benéfico, quando prejudicial para a criança. É benéfico quando detecta a existência de violência no ambiente familiar e age, de acordo com as normas para inibir e acabar com essas condutas. Restaurando o regular e produtivo desenvolvimento da aprendizagem da criança.
É prejudicial quando se omite diante do problema que detecta, ou seja, não é responsável por desenvolver o comportamento agressivo dos alunos, mas contribui para a sua continuidade ou para o seu aumento, uma vez que professores excessivamente autoritários podem desencadear sentimentos de hostilidade e agressividade nos educandos.
De acordo com Ballone (2001, p.1), um ambiente escolar que estimule a rivalidade e a competição pode gerar nas crianças sentimentos de insegurança, ansiedade e dificuldades de integração com o grupo. Em conseqüência disso, condutas agressivas podem se tornar a única forma de resolver conflitos.
Ballone (2001, p.1) considera também que a escola torna-se um ambiente propício para o desenvolvimento da agressividade quando ela não consegue lidar com a criança agressiva. Uma criança assim provoca a hostilidade e a rejeição dos colegas e isso pode gerar nela uma atitude defensiva e fazer com que tente se impor aos outros pela violência, de forma a atingir aqueles que a rejeitam. Uma atitude dessa mostra claramente a falta de recursos socialmente aceitos que essa criança tem para lidar com a frustração. Isso também foi detectado em um dos depoimentos anteriores.
Enfim, problemas familiares refletem nas crianças que acabam assimilando tais males e levando-os para dentro da escola, sob a forma de agressividade, desatenção, etc. Todos os professores pesquisados, inclusive a equipe pedagógica da escola, foram unânimes em comprovar isso, assim como em considerar a importância da família na aprendizagem da criança.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A família é o primeiro grupo natural do homem. Nela o ser humano aprende os primeiros passos da participação. Quase todas as pessoas nascem, crescem e vivem numa família. Além disso, o grupo familiar é um dos primeiros que surgiram na história da humanidade, pois não há sociedade sem nenhuma noção de família, isto é, de relação institucional entre pessoas do mesmo sangue. Logo, pode-se concluir que a família é a principal responsável pelo desenvolvimento integral dos seres humanos, além disso sua ação se reflete em todas as demais áreas de interação do indivíduo, sem contar que é nela que se aprende a viver em sociedade.
Por não terem família, relembrando o caso citado no início deste trabalho, as meninas lobas da Índia não assimilaram características humanas, mas sim comportamentos peculiares da família de lobos que integravam, ou seja, a família continuou sendo importante e interferindo no desenvolvimento das crianças. Em outras palavras, a família é uma pequena sociedade, onde se aprende a solidariedade e a cooperação, onde se recebe as primeiras lições de convivência.
Outra evidência da importância da família na vida do indivíduo vem da legislação, pois a atual Constituição brasileira reza que “a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”. (BRASIL, 1988). Isto significa que o Estado reconhece a família como entidade básica da sociedade e por isso dá a ela, com apoio do texto constitucional, uma proteção especial.
Por outro lado, o Estado se compromete a criar mecanismos de apoio e segurança para cada membro no interior da própria família, coibindo seus excessos e corrigindo suas deficiências, ou seja, essa proteção legal fecha o ciclo de reconhecimento da importância da família para o desenvolvimento completo e eficaz dos seres humanos.
No âmbito educacional os reflexos do contexto familiar são mais intensos, ou seja, é possível considerar que a criança e os pais trazem consigo uma ligação íntima que interfere na evolução educacional e na aprendizagem da criança. Isso pode ser comprovado tanto na pesquisa bibliográfica, quanto na investigação de campo.
Outro ponto importante detectado na pesquisa foram os reflexos graves e perigosos da família na escola, demonstrados pelos desvios de comportamento e pelos problemas de aprendizagem que, em sua maioria, tem origem na desestruturação familiar (separação dos pais, morte dos genitores, superproteção, etc) e na violência doméstica (maus tratos, descuido, etc).
De acordo com Drauzio Varela (2004, p. 1):
(...) a negligência e os maus-tratos recebidos numa fase em que o cérebro está sendo esculpido pela experiência induzem uma cascata de eventos moleculares que alteram de forma irreversível a estrutura cerebral. Essa moldagem anômala da “circuitaria” induzida pela violência dirigida contra a criança conduz à agressividade, à hiperatividade, aos distúrbios de atenção, à delinqüência e ao abuso de drogas.
Portanto, a família desenvolve um importante papel na constituição humana e na determinação de problemas de comportamento e de conduta, ou seja, os pais, podem, de diversas maneiras, favorecer ou prejudicar o processo de aprendizagem e o desenvolvimento de seus filhos.
Ao ingressarem na escola, as crianças, muitas vezes, demonstram dificuldades de adaptação que pode ser conseqüência de conflitos e crises de um sistema familiar ineficiente. Os "deficits", resultantes de uma precária educação familiar, poderão ser minimizados e mesmo superados através da atuação de outros grupos socializadores. Logo, cabe à escola, sobretudo, a responsabilidade de contribuir para mudanças comportamentais que permitam, às crianças e jovens, o equilíbrio necessário.
A educação familiar é sufocante se não se estabelece, noutro lado, uma contrapartida. É principalmente a escola que hoje desempenha este papel. Portanto, o estudo da família e a sua integração à escola é de suma importância para a aprendizagem da criança, uma vez que ela, a família, é a primeira das muitas células que reunidas constituem a sociedade. É junto dela que a criança realiza as primeiras e mais importantes experiências de sua vida.
Chamou atenção ainda a influência do fator emocional sobre a aprendizagem da criança e pairou no ar a seguinte interrogação: terá mais chances na vida, quem tiver um alto desenvolvimento cognitivo, ou quem, não o tendo tão favorável, consegue, em contrapartida, ter um saudável desenvolvimento emocional, uma vez que um dos pilares da construção do indivíduo é a formação do autoconceito, base de toda aprendizagem: se julgo que sou capaz de aprender, aprenderei bem mais e melhor do que se me julgar incapaz para tal: dependendo do conceito que faço de mim mesmo, será o conceito que terei do mundo ao meu redor.
É pertinente ressaltar também os dados obtidos na pesquisa de campo que confirmaram a existência de uma consciência coletiva, entre os atores educacionais, da importância da família na aprendizagem e de seus reflexos na escola. Basta lembrar que a família apareceu, como aliada para a solução ou como suspeita de ocasionar, todos os casos de problemas comportamentais e de aprendizagem citados na investigação de campo. Isso comprova a força desta instituição no âmbito educacional.
Ao longo do trabalho constatou-se ainda que a ação da família sobre a criança não é absoluta, inabalável, embora preponderante.Tal constatação tem aspecto quer positivo, quer negativo. De um lado, a criança pode ser socorrida por grupos fora da família, se esta falhar na sua educação; por outro lado, as influências benéficas recebidas no aconchego familiar poderão ser abaladas por pressões de outros grupos sociais.
Enfim, com base neste estudo, pode-se concluir que:
 dentre os inúmeros fatores que interferem no processo de ensino-aprendizagem prejudicando-o, muitas vezes severamente, está uma ineficiente educação familiar;
 os pais podem permitir ou obstruir o processo de aprendizagem e construção da personalidade dos filhos;
 o ambiente familiar precisa satisfazer as necessidades básicas de afeto, apego, desapego, segurança, disciplina, aprendizagem e comunicação, pois é nele que se estrutura a mais importante forma de aprendizagem: a de estabelecer vínculos, isto é, a capacidade de aprender a se relacionar;
 por trás da maioria dos distúrbios de aprendizagem ou de inadaptação da criança à escola, esconde-se algum tipo de tensão emocional cuja origem encontra-se na família;
 é preciso que se valorize o trinômio família-aprendizagem-escola de cuja harmonia depende o desenvolvimento satisfatório da criança;
 a escola, um dos mais importantes agentes de promoção de equilíbrio infantil, pode compensar "déficits" oriundos de uma ineficiente educação familiar, assim como corrigir e denunciar os excessos da família;
Enfim, a análise deste trabalho poderá servir de contribuição a pais e educadores. Aos primeiros, por serem os maiores interessados pelo sucesso de seus filhos. Aos segundos, por terem a possibilidade e a responsabilidade de introduzirem influências positivas que sejam capazes de compensar as deficiências ligadas ao contexto de criação familiar da criança, uma vez que se os pais souberem do poder e da força dos seus contatos com seu filho, se forem orientados sobre a importância da estimulação precoce e das relações saudáveis em família, os distúrbios de aprendizagem poderão ser minimizados. Quanto os educadores alcançarão melhor êxito no seu trabalho, se souberem algo sobre as experiências anteriores da criança, assim como das forças que atuaram sobre ela.
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