Turma de Licenciatura Plena em Geografia EAD 2013- Uniube

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Geografia Uniube EAD 2013

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A ANTROPOGEOGRAFIA DE RATZEL

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A obra de Friedrich Ratzel representou um papel fundamental
no processo de sistematização da Geografia Moderna. Ela
contém a primeira proposta explícita de um estudo geográfico
especificamente dedicado à discussão dos problemas humanos;
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A importância de sua obra emerge por ela ter sido uma das
originárias manifestações do positivismo nesse campo do
conhecimento científico. Ratzel foi um dos introdutores deste
método. O significado de sua produção pode ainda ser
apontado no fato de ele ter aclarado aquela que seria a
principal via de indagação dos geógrafos, ou seja, a questão da
relação entre a sociedade e as condições ambientais;
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Sua preocupação não se limitava à Geografia. Publicou “As
raças humanas”, um tratado antropológico/etnográfico. Outro
campo de discussão é o da ciência política: temas como o
Estado, das relações de fronteiras, ou de guerra, entre
outros, estão no centro de suas considerações;
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Apesar de estar centrado na Geografia, seu projeto teórico é
interdisciplinar!!!
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Sua preocupação central era entender a difusão dos povos
pela superfície terrestre, problemática que, segundo ele
próprio, articularia história, etnologia e geografia em uma
mesma discussão;
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Ratzel dividiu a Geografia em três grandes campos de
pesquisa: a geografia física, a biogeografia e a
antropogeografia. Estas três vertentes concebidas coo
estudos sintéticos e explicativos;
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O tema mais fundamental de indagação dos geógrafos seria o
da questão da influência que as condições naturais exercem
sobre a humanidade, ou em outras palavras, das condições que
a natureza impõe à história.
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De acordo com Ratzel, a diversidade das condições ambientais
explicariam, em grande parte, a diversidade dos povos, pois o
substrato da humanidade seria a Terra, onde as sociedades se
desenvolveriam em íntimo relacionamento com os elementos
naturais. O estudo da distribuição das sociedades humanas
sobre o Globo constituiria o segundo campo de interesse da
pesquisa; e o terceiro tema de interesse da antropogeografia
seria o estudo da formação dos territórios;
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Foi um crítico do Determinismo Simplista, o qual, em sua
opinião, prestou um desserviço à Geografia ao tentar explicar
de imediato – e por uma via especulativa, sem base empírica –
a complexa questão das influências das condições naturais
sobre a humanidade. A SUA VISÃO É MAIS RICA E
MEDIATIZADA!!!!!
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O homem, na concepção de Ratzel, é um ser da natureza que
possui instintos, necessidades e aptidões. É um ser terrestre
que tem a Terra como “mãe provedora”, “sua morada”, enfim,
como suporte de sua vida. A aceitação da existência de
influências das condições naturais não implica, na
argumentação de Ratzel, uma passividade total do elemento
humano, pelo menos não nesse plano. As influências se põem de
forma mediatizada: no indivíduo, como condicionantes
somáticos-anatômicos (ex: cor de pele etc) e como estímulos
psicológicos (percepção); na constituição social, pelos recursos
e riquezas disponíveis; na constituição étnica de um povo,
pelas condições de difusão propiciadas pelo meio (gerando o
isolamento e a mestiçagem); na organização do trabalho, pelo
estímulo ou barreiras existentes; na formação dos Estados,
pela posição geográfica desfrutada etc. A
A INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES NATURAIS NÃO SERIA O
MOTOR DA HISTÓRIA. A AÇÃO DAS CONDIÇÕES
AMBIENTES SERIA A TEMÁTICA DIFERENCIADORA!!!!!
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O Positivismo domina completamente a concepção ratzeliana
do método a ser assumido pela antropogeografia. A evidência
mais fundamental dessa filiação ao positivismo está no fato de
Ratzel professar o princípio da unidade do método científico,
isto é, a idéia da existência de um único método comum a
todas as ciências (as quais seriam definidas por objetos
próprios)
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A adesão de Ratzel ao positivismo, bem como a concepção
naturalista daí decorrente, manifestou-se plenamente nos
procedimentos analíticos por ele preconizados. A
antropogeografia foi posta como uma ciência empírica,
pautada na observação e na indução. O trabalho deveria partir
da descrição minuciosa de quadros espaciais. À descrição
seguiria a comparação tendo por meta a classificação.
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No âmbito explícito da Geografia, foi na obra de Ritter que
Ratzel vai buscar sua inspiração. A postura de centrar a
análise geográfica na problemática da influência das condições
naturais sobre a história da humanidade já se encontrava
desenvolvida no trabalho de Ritter. A NOVIDADE
INTRODUZIDA POR ELE RESIDIU EM COLOCAR A
QUESTÃO DAS INFLUÊNCIAS COMO OBJETO PRIMEIRO
DE UMA GEOGRAFIA DO HOMEM.
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Pelas razões apontadas, Ratzel inaugurou alguns problemas
que acompanharão todo o desenvolvimento posterior da
Geografia de inspiração positivista. Vários dualismos
“irresolvíveis”. O positivismo demandava leis, que o
equacionamento do objeto geográfico se recusava a fornecer,
a não ser a custa de simplificações grosseiras.
A PROPOSTA DE RATZEL
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Nasceu em 30/08/1844; Publicou o livro “Antropogeografia”
em 1882, o qual consagra seu autor. Entre 1885 e 1888
publicou os três volumes de sua segunda mais importante obra
“As raças humanas”. Em 1896 edita “O Estado e seu solo
estudados geograficamente” e em 1897, a sua obra mais
polêmica, “Geografia Política”.
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O autor vivenciou o processo de formação do Estado Moderno
Alemão, tendo escrito a maior parte de seus trabalhos no
período bismarkiano de consolidação desse Estado.
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A Alemanha emerge como potência capitalista, apresentando
uma industrialização superior à da Inglaterra no último
quartel do séc. XIX, destituída de colônias. Um expansionismo
latente será a marca da política nacional alemã no período.
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As formulações de Ratzel se inscrevem na retaguarda
ideológica de tal processo. Sua teorização atua no sentido de
legitimar o projeto expansionista (naturalização das guerras
ou apologia do Estado);
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A expansão, segundo Ratzel, seria natural dos povos e
produziria efeitos diferentes conforme o estágio de
desenvolvimento por eles vivenciado no momento da difusão.
Havendo o progresso, a expansão torna-se inevitável, seja em
função da exaustão do meio pelo uso intensificado, seja pela
pressão demográfica.
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Constrói dois conceitos fundamentais: TERRITÓRIO E
ESPAÇO VITAL. O território seria uma determinada porção
da superfície terrestre apropriada por um grupo humano
(concepção da zoologia e botânica!). Assim, o território é
posto como um espaço que alguém possui, é a posse que lhe
atribui identidade. O espaço vital manifestaria a necessidade
territorial de uma sociedade tendo em vista seu equipamento
tecnológico, seu efetivo demográfico e seus recursos naturais
disponíveis. Seria uma relação de equilíbrio entre a população
e seus recursos, seria uma porção do planeta necessária para
a reprodução de uma dada comunidade.
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Considera também a guerra, a violência e a conquista como
componentes naturais da história humana: O POVO QUE
PROGRIDE EXPANDE DIFUNDINDO, SOBRE AS
SOCIEDADES QUE SUBJUGA, O GERME CIVILIZATÓRIO
QUE IMPULSIONOU SEU MOVIMENTO.
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A ESTRATÉGIA IMPERIAL BISMARKIANA É PLENAMENTE
ASSUMIDA POR RATZEL, APARECENDO EM SUAS
COLOCAÇÕES SOBRE FRONTEIRAS E SOBRE AS
GUERRAS.
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A retomada das teorias de Ratzel pelos autores nazistas não é
assim meramente acidental.

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