Turma de Licenciatura Plena em Geografia EAD 2013- Uniube

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Geografia Uniube EAD 2013

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A visão do espaço segundo as escolas do pensamento geográfico.

Elabore um texto argumentativo sobre a visão do
espaço segundo as escolas do pensamento geográfico.


O termo espaço foi, a princípio, concebido pela geografia tradicional, que em seuiss diversos segmentos deu ênfase aos conceitos de paisagem e região,estabelecendo em torno desses conceitos a discussão sobre o objeto da geografia e sua identidade diante das outras ciências. O espaço, na verdade, não se constitui em um conceito primordial a ser alcançado pela geografia, porém está presente nas obras de Ratzel e Hartshorne, de forma implícita.
A teoria do “espaço vital” de Ratzel afirma que a sua preservação e sua ampliação passa a ser a lógica do Estado, para manter seu desenvolvimento, transformando-o em território devido a sua utilização política. Na visão de Hastshore, o espaço é absoluto, constituindo-se em conjunto de pontos que possuem características próprias, utilizando da intuição para construir essa lógica.
O espaço diante dessa percepção, em muitos casos, é resultado da ação humana em determinada superfície terrestre, que se torna produto histórico, expressando a realidade vivida pelos agentes sociais em suas diversas experiências sociais coletiva e individuais. 
     A paisagem diante dessa vitsão expressa o momento histórico do desenvolvimento humano; esses ícones exprimem também a estrutura organizacional das estruturas política e social atuantes nessa espacialidade que atuam, buscando funcionalidade e dinâmica para o agrupamento social envolvido.
As produções sociais no espaço material em questão determinam a valorização da superfície terrestre, devido à agregação de trabalho ao solo, e essas representações humanas estabelem marcas profundas na ocupação do espaço.
Assim, a produção do espaço social envolve a atuação racional do homem, que tem motivações em circunstâncias relacionadas às necessidades, interesses, desejos e sonhos de uma comunidade ou do próprio indivíduo.
A geografia teorético-quantitativa tem suas bases no positivismo lógico desenvolvido na década de 1950 e na proposta de Claval, Capel e Christofoletti, que procuravam adotar uma postura epistemológica da ciência, apoiados nos conceitos das ciências naturais. Nessa perspectiva do raciocínio hipotético dedutivo, baseado na teoria e predominância intelectual. Aferindo modelos matemáticos e quantitativos, vinculando-se ao sistema de planejamento de órgãos governamentais e interesses privados.
A proposta da corrente que se apoia na geografia quantitativa é explicar o todo, utilizando-se de métodos matemáticos, que compreenderiam as variações da paisagem, a ação da natureza sobre os homens individual e coletiva, entre outrosrat acontecimentos estudados pelo campo geográfico.
A proposta quantitativa permite a elaboração de leitura, ou podemos chamar de diagnósticos de um determinado espaço, baseados em dados numéricos que contemplem o maior número de agentes sociais econômicos, políticos e naturais, com o objetivo de traçar estratégias de intervenção preventivas ou apresentar soluções para a demandas existentes.
E para exercer o controle desse espaço, a categoria fez uma leitura com mapas que permitiu aos construtores, engenheiros, arquitetos e administradores elaborem estratégias que garantissem o domínio, criando formas de ordenação do espaço e tranformando a paisagem em contexto que refletisse as ideias de comando e ordem para os moradores desse espaço geográfico.
É necessário considerar as contribuições para geografia das concepções do espaço feitas pelos geógrafos lógico-positivistas, que construíram representações matriciais e topológicas, as quais nos permitem extraírmos conhecimentos das localizações e fluxos, hierarquias e especializações funcionais, devido aos pressupostos encontrados na planície isotrópica, à racionalidade econômica, à historicidade dos acontecimentos sociais e as dispustas do espaço em suas diversas passagens temporais, que podem contribuir decisivamente na compreensão da organização social.
O surgimento da geografia crítica nos anos 1970, baseada nas propostas Marxista, do materialismo histórico dialético, contrapondo a geografia tradicional e teorético-quantitativa, provocou uma celeuma de debates sobre os mais diversos temas e objetos da ciência geográfica.
Os autores que abraçaram essa corrente metodológica da geografia buscariam construir uma análise e argumentação em seus trabalhos acadêmicos com percepções que têm como fogo de avaliação as razões das crises,tendo como meta identificar os fatores sociais que desencadearam o processo que afetou um determinado grupo social ou mesmo toda a população de um Estado, e seus desdobramentos no espaço mudanças que provocou na paisagem urbana,rural e até silvestre.
Então, as propostas marxistas e socialistas, no campo geográfico, encontram resistências ideológicas, políticas e econômicas, pois questionam a organização do espaço campo interno e externo dos Estados, em relação ao expansionismo imperalista europeu e estudinense, e ainda nas relações internas quanto ao trato dos problemas espaciais internos de divisão das terras (reforma agrária), ocupação do solo urbano, organização do trabalho e utilização dos recursos naturais.
O geógrafo Yves Lacoste, em sua obra A geografia serve, antes de mais nada, para fazer a guerra,
construiu uma das mais duras críticas à geografia tradicional e abriu campo para a geografia crítica.
Sua obra busca mostrar que a geografia serviu até para criar estratégias e justficativas para ações imperalistas ou protencionistas dos Estados.

Lacoste afirmava que o indivíduo conhece o seu entorno, mas não tem condição de saber o que acontece na periferia da cidade em que mora, principalmente se essa cidadde for uma metrópole ou até mesmo uma cidade e de porte médio. Porém o estado, por meio de seus agentes e instrumentos de governo, em muitos casos, ignora as necessidades de certos grupos.
Ele afirma, também, que o Estado deve ter uma socializadora do espaço, atuar de maneira que permita a todas as pessoas desfrutarem dos instrumentos sociais de integração e oportunidades. Os indivíduos também devem compreender a importância do processo de luta contra as ideias de dominação impostas pelos detentores do poder político, lutar pela operalização dos espaços, além de trabalhar para construir condições de equilíbrio e reajustes das diferenças.
A geografia crítica adota também um discurso político e social da ocupação do espaço e as mudanças na paisagem; nesta perspectiva Milton Santos, afirma que “o espaço é a morada do homem, mas pode também ser sua prisão”; e nesse processo de renovação do pensamento geográfico, muitos autores e pesquisadores se agregam, somando-se a ampliação do contato como outras áreas do conhecimento humano, com objetivo de melhor compreender a atuação do homem no espaço em que vive e trava suas lutas diárias.
O espaço ressurge como conceito-chave, apoiado na doutrina marxista que o identifica como natureza que pode estar presente ou ausente. Lebvre argumenta que o espaço desempenha um papel ou função decisivos na estruturação de uma totalidade, de uma lógica, de um sistema. O espaço percebido é na perspectiva do espaço social, que tem estreita relação com o espaço absoluto, portanto vazio e intocado, é um lugar efetivamente dos números e das médias ponderadas. E muito menos um produto da sociedade, significa o lugar da reunião dos materiais produzidos, das coisas entre os outros objetos. É no caso funcional, ou seja, não é o espaço absoluto e muito menos o espaço pode ser visto como produto social.
O espaço não é o ponto de partida e muito menos de chegada. Em nenhuma hipótese deve ser usado como instrumento político, está ligado ao processo de produção capitalista consumista. O espaço é o locus de reprodução das relações sociais de produção.
Essa nova visão do objeto espaço, baseada no materialismo histórico dialético, encantara e seduzira os geógrafos da década de 1970, impulsionara as discussões e a visão do espaço como lócus, percebido como resultado da reprodução da sociedade. O geógrafo brasileiro Milton Santos, inspirado nessa concepção, escreve inúmeras obras abordando o tema.
A geografia humanista surgiu na década de 1970, e a geografia cultural nos anos de 1980. Estavam estabelecidas nos princípios da fenomenologia e do existencialismo, fazendo oposição à geografia lógico-positivista, buscando uma retomada da historicidade, característica presente nas correntes possibilistas da geografia tradicional.
A geografia humanista coloca seus princípios metodológicos na subjetividade da intuição, nos sentimentos, no empirismo e na contigência, dando destaque e previlégio para o singular desprezando o coletivo, busca a compreensão do mundo real e não procura explicações. O estudo do espaço está restrito aos sentimentos espaciais e as ideias de um grupo ou povo sobre o espaço, a partir da experiência. Dessa forma, criando vários espaços, como o pessoal, o grupal, em que percebemos a experiência alheia e o espaço místico que deixa o real e passa pelas evidências do sensorial, onde apresenta as manifestações do sagrado.
A geografia humanista percebe a paisagem como resultado de um processo dialético que o homem realiza entre a matéria e a ideia, e busca compreender as mudanças do espaço para além dos embates ideológicos e materialistas, propostos na geografia crítica, além de perceber que o homem também trabalha alterando o espaço, materializando seus sonhos e desejos, eivados de princípios religiosos, políticos e até mesmo ideológicos.
A geografia cultural desenvolve a tese que a paisagem é o registro de um momento cultural vivido em uma determinada época e expressa as ideias de um grupo de pessoas que detinha o poder político, econômico e social daquele espaço geográfico.
O espaço alterado pela ação do homem cria paisagens que demonstram sua apropriação dos recursos naturais na produção e disposição de objetos que buscam suprir suas necessidades e que refletem o avanço tecnológico, econômico, cultural e político de uma época.
A paisagem passa a ser construída pelo povo e passa a ser objeto de estudo quanto aos seus costumes, ao processos de circularidade cultural, ou seja, aborda as práticas culturais comuns às pessoas e suas trocas de experiências, e ainda a reconstrução de novos conceitos e práticas.
A valorização do espaço, enquanto produto histórico-cultural na visão da geografia cultural, é importante, pois permite que gerações futuras de pesquisadores consigam estudar e avaliar as práticas, os costumes e a cultura de gerações e povos de uma época antiga, que de uma maneira direta ou indireta se reconstruíram em novos modelos, mantendo ou alterando a interação humana no círculo social, político e natural.
A geografia humanista de Vidal procura perceber o homem com todas as suass odificuldades e o processo que utiliza para superar os entraves naturais, como também suas construções sociais e enclaces históricos que levam a procurar respostas longe do determinismo natural.
Assim, podemos construir uma conclusão de que na escola francesa vidaliana o espaço é fragmentado em detrimento das condições humanas, com a linguagem, classe social e conhecimento culturais, fornecendo parâmetros de referências necessários para o desenvolvimento do cotidiano da construção da dimensão espacial.

FONTE: Livro Uniube - A Construção do Conhecimento Geográfico, Vol 1 e 2

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